Tenho vergonha dos covardes

‘Tenho vergonha dos covardes’,foi com essa fala que Marco Castro, CEO da pwc, abriu o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ no último dia 25/09.

Palavras duras, mas necessárias. E que ecoam como uma ferida aberta em todos nós que já sentimos na pele o peso da exclusão, do preconceito e do descaso.

Vergonha dos que se escondem atrás de discursos de diversidade apenas para vender mais. Vergonha dos que transformam vidas humanas em estratégias de marketing. Vergonha dos que esquecem que a pauta de diversidade não é sobre lucro, mas sobre dignidade, sobre direitos, sobre os direitos humanos.

É sobre sobrevivência. Sobre reparar uma história de dor. É sobre ser parte da construção de uma sociedade que iguala os direitos e promove dignidade as pessoas.

Podemos não ter sido nós quem excluiu. Mas, se diante da exclusão de hoje escolhemos o silêncio, somos cúmplices. Somos parte do mecanismo que perpetua a injustiça.

Porque a exclusão não começa no ódio declarado — ela começa na indiferença, no preconceito e na falta das atitudes de ser parte do processo de transformação que precisamos ter em nossa sociedade e no mundo. Na falta de educação, que arranca oportunidades. Na falta de trabalho, que nega sustento. Na falta de dignidade, que destrói sonhos antes mesmo de nascerem.

A inclusão, por sua vez, não é caridade.

Não é favor. Ela começa no acesso à educação, que abre portas. No conhecimento, que liberta. No trabalho digno, que permite existir sem se ajoelhar para pedir permissão.

Estamos vivendo dias sombrios para a diversidade. Dias em que a diversidade sangra, que as pessoas sofrem. Dias em que os grupos minorizados — que nunca tiveram descanso da violência — são alvo de ataques ainda mais cruéis.

Quem esteve atento recentemente viu: não se trata apenas de negar direitos, mas de desconstruir pessoas. De desqualificar quem somos. Pessoas como eu ou o seu amigo(a) ai do seu lado que talvez você nem saiba.

Eu, que na infância conheci a exclusão no olhar dos colegas, no desprezo das escolas, no bullying que silencia, nos tantos “nãos” que se acumulam como cicatrizes. Eu, que aprendi cedo que para existir precisava esconder quem era. Que para não morrer, muitas vezes precisei fingir que não vivia a minha história e as minhas paixões. Que a coragem de me mostrar poderia custar caro: o direito de continuar aqui. E, mesmo assim, seguimos.

Seguimos porque viver é um ato de resistência. Seguimos porque não queremos apenas sobreviver — queremos existir plenamente. Queremos amar, trabalhar, estudar, construir.

Queremos ser respeitados. Respeitar. Palavra tão mal usada e tão pouco compreendida.

Não é “aceitar” como quem tolera algo indesejado. Não é “consentir” em dar migalhas de espaço. No latim, respeito vem de respectus: “olhar novamente”. Ter a coragem de olhar de novo, de enxergar o humano onde a sociedade insiste em apagar.

Olhar de novo para nós. Olhar de novo para si. Olhar de novo para o futuro que não pode ser roubado pela covardia.

Porque não é sobre nós apenas — é sobre todos. Quando um ser humano é negado, todos sangram.

Diversidade é sobre pessoas, sobre valor, crença, verdade e genuinidade.

Já que iniciamos falando de vergonha quero encerrar falando de Coragem: qual a sua atitude diante deste momento?

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